sábado, 23 de novembro de 2013

Saudade


Com o rosto embaçado pelas lágrimas carentes, e a imaginação assombrada pela triste visão que posso mais não sentir mais seu corpo raquítico me envolvendo em um abraço apertado, e um ato desesperado, saudade mútua escancarando meu peito e fazendo em um gesto em vão de controlar meu choro baixinho, lento e doloroso. E pensar que apenas alguns meses atrás, esse mesmo choro era abafado com palavras inexperientes carregadas com carinho, um gesto tênue de sentir mais uma de tantas lágrimas sendo retiradas suavemente por uma mão jovem suja de grafite. Fito em minha parede, sorrisos sinceros estampados em uma foto antiga que representava mais um dia letivo contente que transpirava uma essência doce, como os poetas costumavam descrever. E agora, momentos. Momentos que foram arrancados drasticamente de mim, levados por um destino cruel que até recentemente, eu não sabia que atuava na mais jovem das mentes.

Com a janela semiaberta entrando uma enxurrada de ventos, marcando a noite solitária, rodeando-me e zombando da ingenuidade que apresenta minha pouca idade, dando meia-volta, saindo por onde entrou e deixando em seu lugar a plena ilusão de que um dia já pude ser a destinatária de tantos sorrisos cumplices.

Você me deixou o ingresso para a solidão, disse que seria melhor assim, eu acreditei, mesmo por contra-vontade... Reticencias pairavam no ar, lembrei-me de quantas vírgulas tive que separar nossos caminhos, porém, nunca rajou em meus pensamentos que um dia você iria sela-los com um ponto final. Você me disse com sua voz fraca para onde iria, mas será que podes me contar se um dia voltará?

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